O momento - Aquele momento
Todos temos aquele momento que define a próxima etapa…
Olhamos o inevitável como se um cruzamento se apresentasse à nossa frente. As
alternativas confundem-nos e no nosso íntimo sabemos que apenas uma é a
correta, mas o que não sabemos é se estamos preparados para a percorrer.
Na encruzilhada à esquerda ingenuamente ignoro os meus
instintos, à direita, vejo o que acredito controlar, agarrada a uma crença que
me conforta e ilude.
Continuo parada, à espera da resposta que tarda em chegar…
Em frente, pondero o desafio sem saber o que esperar… com
esperança de ser capaz de enfrentar medos e inseguranças. Olho aquele que me é
desconfortável e que mesmo sem querer, faz-me desviar o olhar, uma e outra vez,
para a esquerda e para a direita, como que à procura da fuga … mesmo sabendo
que é este o caminho que me fará crescer… mas inevitavelmente também me fará doer…
Então entro num remoinho de ses, ques e porquês… de
justificações fabricadas à medida… Porque é que será melhor?... Será que
devo?... Porque não o da direita?… A razão… diz-me que é este… Ou o da esquerda… impulsiva como sou… vai
tudo à frente… o que vier, virá… mas, e se escolher seguir em frente?
Volto a olhar e fixo um ponto no infinito… desta vez fecho
os olhos… deixo de ver… uma luz púrpura ocupa o espaço onde a estrada estava e
viajei mentalmente para outros momentos, outros cruzamentos, em que escolhi a
esquerda e a direita… tenho medo…
Já o ditado dizia, “para a frente é que é o caminho” - O “bom
senso” do “senso comum” não deixa de me maravilhar, e se o caminho é em frente…
então que seja feito… de peito aberto às balas, que seja o atravessar do
deserto sem deixar de acreditar… que seja aceitar as adversidades com a certeza no
coração... que é possível… mas e se não é?
Se o caminho em frente é duvidar a acreditar, e ao mesmo
tempo lutar contra os medos e as tentações… então é dizer não às limitações… é
saber que sou capaz… Que cada pedra é só uma pedra... não um precipício...
Mas é
em frente que fica o futuro? Sem ângulos retos à esquerda ou à direita?... É
este o meu caminho?
De olhos vendados pela própria fé, espero o que me é devido…
não como um direito mas, como o caminho que tenho de percorrer… de forma
humilde… apenas sentido, no mais intimo do meu ser…
Aquele que me grita… uma e outra vez… sempre que o nego... Aquele
que se apresenta como o destino que não posso deixar de cumprir.
Certo é… que fugir do destino é apenas o caminho mais perto
até ao próximo cruzamento… que no final me leva ao mesmo momento… cumprir o objetivo, o propósito, seja ele qual for.
Certo é… que acontece uma e outra e outra vez… até que um
dia é inevitável, sigo em frente com a fé e a esperança daquele que um dia também já o
percorreu…
Aquele que sou eu, porque está em mim. Como eu estou nos
meus filhos…. Numa perfeita roda da vida, até que se cumpra o destino que sem saber eu
própria defini.
E um dia saberei se o caminho foi o correto… mesmo que não
exista certo ou errado… apenas caminho.
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Consequência das minhas decisões, aquelas que mais ninguém
poderá alguma vez assumir… e que se cumpra o propósito, mesmo que hoje, ou alguma vez, tenha a capacidade de o compreender.
Não é meu objetivo deixar marca, história ou memória… o meu
nome será apagado e eu serei simplesmente pó. Quero apenas neste curto momento, de braços e
coração aberto, aprender… o amor, a compaixão, o perdão e nunca… mas nunca,
deixar de acreditar na bondade dos homens.
Se algum dia acontecer,
então, esse é o dia em que deixei de ser eu…