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terça-feira, 21 de abril de 2020

1970 = 49 =7x7 = 49


O momento - Aquele momento

Todos temos aquele momento que define a próxima etapa… Olhamos o inevitável como se um cruzamento se apresentasse à nossa frente. As alternativas confundem-nos e no nosso íntimo sabemos que apenas uma é a correta, mas o que não sabemos é se estamos preparados para a percorrer.


Na encruzilhada à esquerda ingenuamente ignoro os meus instintos, à direita, vejo o que acredito controlar, agarrada a uma crença que me conforta e ilude.

Continuo parada, à espera da resposta que tarda em chegar…

Em frente, pondero o desafio sem saber o que esperar… com esperança de ser capaz de enfrentar medos e inseguranças. Olho aquele que me é desconfortável e que mesmo sem querer, faz-me desviar o olhar, uma e outra vez, para a esquerda e para a direita, como que à procura da fuga … mesmo sabendo que é este o caminho que me fará crescer… mas inevitavelmente também me fará doer…

Então entro num remoinho de ses, ques e porquês… de justificações fabricadas à medida… Porque é que será melhor?... Será que devo?... Porque não o da direita?… A razão… diz-me que é este…  Ou o da esquerda… impulsiva como sou… vai tudo à frente… o que vier, virá… mas, e se escolher seguir em frente?

Volto a olhar e fixo um ponto no infinito… desta vez fecho os olhos… deixo de ver… uma luz púrpura ocupa o espaço onde a estrada estava e viajei mentalmente para outros momentos, outros cruzamentos, em que escolhi a esquerda e a direita… tenho medo…

Já o ditado dizia, “para a frente é que é o caminho” - O “bom senso” do “senso comum” não deixa de me maravilhar, e se o caminho é em frente… então que seja feito… de peito aberto às balas, que seja o atravessar do deserto sem deixar de acreditar… que seja aceitar as adversidades com a certeza no coração... que é possível… mas e se não é?

Se o caminho em frente é duvidar a acreditar, e ao mesmo tempo lutar contra os medos e as tentações… então é dizer não às limitações… é saber que sou capaz… Que cada pedra é só uma pedra... não um precipício... 

Mas é em frente que fica o futuro? Sem ângulos retos à esquerda ou à direita?... É este o meu caminho?

De olhos vendados pela própria fé, espero o que me é devido… não como um direito mas, como o caminho que tenho de percorrer… de forma humilde… apenas sentido, no mais intimo do meu ser…

Aquele que me grita… uma e outra vez… sempre que o nego... Aquele que se apresenta como o destino que não posso deixar de cumprir.

Certo é… que fugir do destino é apenas o caminho mais perto até ao próximo cruzamento… que no final me leva ao mesmo momento… cumprir o objetivo, o propósito, seja ele qual for.

Certo é… que acontece uma e outra e outra vez… até que um dia é inevitável, sigo em frente com a fé e a esperança daquele que um dia também já o percorreu…

Aquele que sou eu, porque está em mim. Como eu estou nos meus filhos…. Numa perfeita roda da vida, até que se cumpra o destino que sem saber eu própria defini.

E um dia saberei se o caminho foi o correto… mesmo que não exista certo ou errado… apenas caminho.

Consequência das minhas decisões, aquelas que mais ninguém poderá alguma vez assumir… e que se cumpra o propósito, mesmo que hoje, ou alguma vez, tenha a capacidade de o compreender.

Não é meu objetivo deixar marca, história ou memória… o meu nome será apagado e eu serei simplesmente pó. Quero apenas neste curto momento, de braços e coração aberto, aprender… o amor, a compaixão, o perdão e nunca… mas nunca, deixar de acreditar na bondade dos homens. 

Se algum dia acontecer, então, esse é o dia em que deixei de ser eu…